As pessoas decepcionam; robôs não
"Por que as relações estão tão frágeis? Desconfiança, ansiedade e a busca por garantias têm afastado as conexões genuínas. Enquanto a tecnologia oferece uma falsa sensação de companhia, a solidão cresce. Vamos conversar? Do outro lado, há alguém real, pronto para ouvir."
Emerson Franco
1/20/20251 min read
Tenho percebido nos últimos anos uma crescente dificuldade de estabelecer e manter relações, são queixas como: "não se pode confiar, não sabemos o que as pessoas podem fazer depois"; "Não sabemos como o outro realmente se sente"; "sou excluída (o) sempre que tento fazer parte de algum grupo"; "posso ser traído/frustrado a qualquer momento". Parece que relacionamento se tornou sinônimo de desconfiança, traição e fragilidade.
Há uma perspectiva crescente de que é necessário ter garantia nas relações, uma prova de que o "investimento" não terá déficit, a convivência precisa ser impecável e blindada de situações que possam quebrar este contrato. A insegurança tem sido a "linguagem do amor" e, muitas vezes, faz par com a ansiedade e o ciúme, tornando o contato social uma situação bastante desgastante. Em alguns casos, há aqueles que apostam na tecnologia: "amigos são exaustivos, prefiro falar com um robô", "existe uma plataforma que pode cuidar da minha saúde mental de forma objetiva, é mais prática e me sinto confortável".
Estamos tão perto das IAs e robôs que através do rastreamento de nossos movimentos, palavras e um robusto banco de dados que essas tecnologias acumulam, somos apaziguados quando essa mesma tecnologia emula carinho, escuta e companhia. Diante do terror da solidão e afastamento social, há uma fuga para o digital, como forma de estancar um problema que se tornou cotidiano, mas enquanto dizemos "eu te amo Alexa" e somos respondidos calorosamente com sons de fogos e música - não há ninguém do outro lado.
Agende um horário, vamos conversar, duvido que será perfeito, mas prometo que terá alguém do outro lado.
