Solidão ou Autossabotagem? Quando Culpamos os Outros pela Distância que Nós Mesmos Criamos

Tão presos a nós mesmos, agimos como se as relações fossem uma prateleira de supermercado: se não quer, tem quem queira. E, desesperados por manter o controle e garantir a menor possibilidade de risco versus o maior ganho possível, agimos como operadores da bolsa de valores. Esperamos que o outro seja exatamente como o imaginamos: limpo, sem rasuras.

É muito comum ouvir no noticiário ou ver no dia a dia aqueles que se queixam de uma solidão impossível de ser superada, mas que não conseguem perceber o grandioso esforço que fazem para se manterem afastados, longe de qualquer perspectiva de se "contaminar" com outras visões que não as suas. Esquecem-se de que aquilo que protegem como sua “identidade” que, só foi e é possível graças à mescla diária com o diferente.

"Só vou onde gosto e só saio com pessoas que pensam como eu." Não percebemos, mas os algoritmos das redes sociais facilitam o surgimento de bolhas. Quem nunca pesquisou sobre algo que queria comprar e, logo em seguida, viu sua timeline infestada de propagandas e pessoas ligadas àquele produto? Esse mecanismo tem migrado para o jeito como escolhemos e mantemos nossas relações.

Acreditamos que a manutenção de um relacionamento está mais ligada a mandar para lixeira o diferente e evitar o que demanda esforço, ao invés do fortalecimento e estreitamento de laços e abertura para novas experiências e à saída da zona de conforto. Tudo isso parece dar muito trabalho. Apegamo-nos demais a nós mesmos, sem deixar espaço para o outro e para o que poderíamos nos tornar a partir de uma relação com o outro.

Mas essa não é a única forma de solidão. Existem outras maneiras e motivos para se sentir só, e só quem sente pode dizer como é. Se você sente um incômodo e precisa de alguém para conversar sobre sua solidão, entre em contato para agendarmos um horário.